A Ministra-Chefe da Secretaria Nacional de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário estará, nesta quarta-feira, 27 de Julho, em Xambioá acompanhando as escavações no Cemitério Municipal de Xambioá (To), realizadas na primeira expedição do Grupo de Trabalho Araguaia (GTA), coordenado pelos Ministérios da Justiça, Defesa e Direitos Humanos.
A comitiva terá, ainda, as presenças do Governador do Tocantins, Siqueira Campos; do Presidente da Comissão Nacional de Mortos e Desaparecidos da SDH, Marco Antônio Barbosa; do Ministério Público Federal, André Raupp; dos Ministérios da Defesa e da Justiça; além de representantes de familiares dos desaparecidos políticos na Guerrilha do Araguaia, dos camponeses torturados e de representantes do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
O emblemático Cemitério de Xambioá
Iniciadas no dia 25 de Julho, segunda-feira, as escavações estão concentradas em duas aréas do Cemitério de Xambioá, Axixá e Cimento.
Ambos os polígonos, alvos de pesquisas que remontam à Primeira Caravana de Familiares dos Mortos e Desaparecidos Políticos na Guerrilha do Araguaia, em 1980, liderada pelo advogado comunista Paulo Fonteles, morto pelo latifúndio em 1987, têm sido alvo de frenquentes pesquisas no últimos 30 anos.
Acredita-se que a grande maioria de guerrilheiros mortos, 18, na primeira Operação de Cerco e Aniquilamento, das forças repressivas da ditadura militar ainda estejam sepultadas naquele Cemitério de Xambioá. Fora alí, na década de 90, que se encontraram os restos mortais de Maria Lúcia Petit e Bergson Gurgão, os únicos guerrilheiros identificados num conflito que produziu mais de uma centena de desaparecidos políticos.
Já no ano passado, em Outubro de 2010, uma outra ossada fora encontrada na aréa do Cimento com vestígios da presença de cordas. O tempo de sepultamento coincide com o período da Guerrilha do Araguaia (1972-1975). Tal ossada está em Brasília sob análise do Departamento de Medicina-legal da Polícia Federal e do IML do Distrito Federal. As indicações de 2010 foram realizadas por um ex-coveiros e ex-mateiros junto à Associação dos Torturados da Guerrilha do Araguiaia e a pesquisadores que, em seguida repassaram as informações de localização para o Grupo de Trabalho Tocantis do Ministério da
Defesa, formato institucional de investigações daquele período.
A Ministra Maria do Rosário visitará o Cemitério Xambioá pela manhã onde conversará com pesquisadores e equipe de peritos, que reúne de geológos à médicos-legistas especializados na busca de desaparecidos políticos no país inteiro.
Uma das principais espectativas da escavação em Xambioá é o encontro dos restos mortais do médico-guerrilheiro João Carlos Haas Sobrinho, uma das figuras mais importantes e reconhecidas pela população araguaiana no enfrentamento da guerrilha com as tropas da ditadura militar. Foi Haas quem fundou os primeiros hospitais públicos, na região do Araguaia, em fins do anos 60.
Ato Político
Importante momento da presença da Ministra Maria do Rosário será a realização de um Ato Público que reunirá diversas autoridades locais e nacionais, familiares de desaparecidos, representantes do PCdoB, além dos integrantes do GTA e do Governador do Tocantins, Siqueira Campos (PSDB).
Os camponeses atingidos pela brutal repressão política perpetradas por militares, entregarão uma carta onde pedem o empenho do mais alto posto da defesa dos direitos humanos do país à causa das necessárias reparações aos camponeses, concedidas pelo Ministério da Justiça, através da Comissão da Anistia e suspensas por um Juiz Federal do RJ à pedido dos advogados do Deputado Federal Jair Bolsonaro (PP-RJ).
A Associação dos Torturados Na Guerrilha do Araguaia, através de Sezostrys Alves da Costa, entregará à comitiva ministerial tal documentação que expõe a tragédia em que estão submetidos os camponeses do araguaia.
A expectativa é que Maria do Rosário trate da importância da aprovação da Comissão da Verdade que ora tramita na Câmara dos Deputados no sentido que o país aprofunde sua dimensão democrática com base no direito à memória e verdade, causa tão necessária para a superação de todo um período histórico da vida brasileira, marcada por torturas e desaparecimentos forçados.
Representantes do PCdoB, Paulo Fonteles Filho e Leila Márcia Santos, estarão passando à Ministra dos Direitos Humanos uma lista, relacionando militares e agentes da repressão que atuaram efetivamente em processos de execução, ocultação de cadavéres de militantes políticos em Operações-limpeza, entre as décadas de 1970 até 2000. A idéia defendida por Aldo Arantes, da Direção Nacional do PCdoB, têm por base a necessidade da ampliação das informações para o êxito das buscas que já duram mais de 30 anos.
Os trabalhos do GTA se estenderão até 4 de agosto, em Xambioá (TO).
Por Paulo Fonteles Filho e Sezostrys Costa do Blog Memórias do Araguaia.
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